
Compreenda a importância do capital narrativo para a empresa.
O que é capital narrativo?
A palavra capital refere-se aos recursos que uma organização possui. Normalmente, envolve o capital financeiro, humano, cultural, social, ecológico, entre outros.
O capital narrativo é um recurso muito precioso porque envolve toda a comunicação da marca, o modo como ela expressa sua identidade, seus objetivos, vende seus produtos ou serviços, se comunica e se relaciona com clientes, fornecedores, funcionários, investidores, parceiros e com a sociedade em geral.
Em suma, o capital narrativo é a soma de toda a comunicação produzida pela empresa, para todos os seus públicos, em todos os canais.
Como gerar valor com a narrativa?
Construir um capital narrativo vai além de criar um bom storytelling, pois a narrativa precisa estar acompanhada de alguns elementos-chave para que gere frutos:
Identidade: a comunicação deve deixar claro quem é a empresa, seus valores, seu posicionamento (ou não) sobre diferentes assuntos e a forma como ela é representada: cores, imagens, sons, palavras, cheiros, sabores, sensações, tudo o que a permite ser reconhecida.
Clareza: um dos pilares de uma comunicação eficaz, ela é essencial na construção da narrativa. Quando o conteúdo é dúvidoso, ambíguo, incompreensível e ininteligivel, a narrativa perde o valor, torna-se vaga e vazia, perdendo sua credibilidade.
Ações: as palavras devem ser seguidas por ações que as tornem verdadeiras, ou seja, a empresa precisa fazer aquilo que diz. Os consumidores buscam por empresas reais nas quais possam relacionar suas ações com seus estilos de vida. As palavras ajudam a criar esse relacionamento, mas são as ações que as tornam autênticas.
Onipresente: a narrativa da empresa deve estar presente em tudo o que ela faz desde os canais de vendas, marketing, atendimento e comunicação interna, até os textos que estão no site ou aplicativo. E se a empresa trabalhar com um produto ou serviço digital, a narrativa deve acompanhar a jornada do usuário para que a experiência se mantenha a mesma nos diferentes contextos.
Portanto, para produzir valor de negócio, a narrativa precisa gerar reconhecimento, credibilidade, autenticidade e experiência consistente para o consumidor.
Paprendê (aprendizado, em hopês)
Um dos melhores exemplos de capital narrativo é o do parque de diversões Hopi Hari. Em seu site, sua história é apresentada com uma narrativa envolvente e cheia de significados:
Uns contam que Hopi Hari nasceu como presente de Hopi, Deus da Alegria, para sua amada Hari, Deusa da Aventura. Outros acreditam que Hopi Hari é uma colônia de férias de extraterrestres superiores que habitam a Via Láctea. Mas histórias são histórias e hipóteses são hipóteses. A verdade é que Hopi Hari é um país com tudo que outros países têm: capital, governante, bandeira, hino, passaporte, consulado e língua própria, o hopês. (…) O País Mais Divertido do Mundo tem 5 regiões: Kaminda Mundi, Mistieri, Wild West, Infantasia e Aribabiba.
O Hopi Hari se define como “o país mais divertido do mundo” e sua narrativa segue esse posicionamento. O hopês, língua oficial do Hopi Hari, é um case de sucesso na construção da experiência mágica, alegre e aventureira que o parque oferece, tendo inclusive o próprio dicionário.
Embora, em um primeiro momento, a comunicação em um novo idioma possa prejudicar a clareza e exigir um esforço cognitivo maior, os visitantes do parque sentem-se atraídos pela comunicação original e divertida, principalmente crianças e jovens, e logo já estão falando as primeiras palavras no novo idioma como silig (atenção), helpi (ajuda) e chikito (criança).
Além da comunicação dentro do parque, as palavras em hopês podem ser encontradas em todo o material de comunicação da empresa como as redes sociais, o e-mail marketing e, claro, o próprio site.



Valor do capital narrativo
O poder que existe na arte de contar boas histórias é conhecido desde o início da humanidade e isso acontece porque são as histórias que criam a conexão emocional. Aswath Damodaran, em seu livro Narrativa e números – o valor das histórias nos negócios, mostra como narrativas fortes potencializam oportunidades de investimento. Ele analisa como os números são frios e que somente quando acompanhados de uma boa narrativa eles trasmitem seu real valor.
Nesta era de comunicação fluída que vivemos, o capital narrativo é um patrimônio valioso e um dos mais importantes para a empresa porque diz respeito a quem ela é – isso não pode ser copiado por nenhum concorrente, permitindo a diferenciação da marca na uniformidade da comunicação digital.